O filme Nosso Lar tem dominado nossas atenções, e pelo visto não sem razão.
Muito pode ser dito sobre ele, muito há de ser pensado e debatido, e é por isso mesmo que vou tentar sair do lugar comum e dividir com os amigos uma reflexão não sobre o filme exatamente. Até porque eu ainda não pude assistir e estou informado apenas pela opinião de muitos amigos.
Chamou-me muito a atenção a confusão ocorrida no blog do Maurício Stycer, do UOL. Clique aqui e confira o que ele conta sobre a crítica que escreveu sobre o filme.
Em suma, até hoje por duas vezes o blogueiro teve que fechar a área de comentários de seu site, em razão de excessivas agressões. Uma foi agora, quando escreveu sobre o filme Nosso Lar. A outra, por ocasião do filme Chico Xavier.
A impressão que eu tenho é a de existir grande despreparo por parte dos espíritas (ou simpatizantes da "causa") na hora de lidarem com a diversidade de opiniões. Fico meio receoso de ver que aparentemente muitos de nós estamos à espera de um momento em que o Espiritismo vai se levantar como verdade insofismável, convencendo a todos, o que é obviamente um grande engodo.
Isso é quase um "fundamentalismo espírita", e a própria forma como às vezes nos mobilizamos para votar em personalidades espíritas como pessoas influentes ou em filmes espíritas como concorrentes ao Oscar, ou, ainda, para que um filme seja muito assistido em sua primeira semana porque isso pode angariar a simpatia da produtora para esse ou aquele benefício, parece revelar um desvio de perspectiva.
Mas - vejam -, disse que fico preocupado com a forma como vimos fazendo isso. Afinal, cada um defende - e deve mesmo defender - sua convicção, mas não sem deiscuidar da maneira como faz isso, pois todos temos nossas responsabilidades nesse campo. Mais ainda nós mesmos, que nos arvoramos em defensores de um Cristianismo redivivo e, assim, temos sobre nós o peso de grande responsabilidade perante o mundo, o que deve se refletir em nosso comportamento em todos os sentidos.
Estamos sendo diligentes e serenos com tudo isso? Estamos sendo capazes de agir de maneira moralmente equilibrada e sintonizada com os princípios cristãos? Se em nome da divulgação ou do que quer que seja seguirmos fazendo o estardalhaço mau educado e pretensioso que às vezes tem ocorrido, penso que é melhor não sairmos de onde estamos.
O mencionado blogueiro Maurício Stycer criticou o cenário do filme e outros aspectos relacionados. Nada mais natural. É um filme, e sofre críticas de cinema. Se não quiser sofrê-las, aliás, não se arvore pelo campo da sétima arte. Mas... um monte de gente escreveu pro UOL pedindo para que o autor do Blog fosse demitido. Chega a ser incrível. Isso é postura que se recomende? É assim que procuramos resolver a diversidade de pensamentos?
O que será que pensam? Que o filme é fruto de um livro santo e que qualquer crítica é disfarçada pancada nos postulados espíritas, que não deve ser tolerada?
Por isso, um lembrete aos encantados com o momento que, para muitos, significa que o Espiritismo está "saindo do armário": o mundo espiritual não possui religião, e não há qualquer menção na obra de Kardec que sugira que o Espiritismo se tornará a religião preponderante ou algo do tipo. O que deve preponderar, um dia, é o amor e o respeito às leis morais, mas isso não vai colocar credos e pessoas uns acima dos outros.
Mais ainda: a seguimentação de credos vai perder o sentido e desaparecer. Mas pelo visto vai demorar um tanto. Afinal, pelo evento em comento não é difícil perceber que falta-nos preparo para vivenciar os princípios que esposamos, nas mais simples questões. Justo nós, que julgamos conhecer a Terceira Revelação.
Alteridade e respeito à diversidade são bases sem as quais a fraternidade não há de triunfar. Cultivemo-las, portanto, pois o Espiritismo só se justifica na condição de remédio forte para doentes graves, necessitados de equilibrarem a moral pelo exercício da virtude e pela contenção das mazelas interiores.
15 comentários:
Toda mobilização dos espíritas em prol da divulgação das coisas que se relacionem ou fazem menção à Doutrina é valida! Principalmente quando o "veículo" da mensagem espírita é a arte, qualquer que seja a sua manifestação. Votar em personalidades ou em filmes é grande ajuda na divulgação doutrinária. E como afirma Emmanuel, a melhor caridade que podemos fazer para o Espiritismo é divulgá-lo. Não é assim que fazemos com as nossas canções? Divulgamos a todos, tocando-as, muitas vezes, não só entre espíritas mas na presença de companheiros que professam outras religiões.
Quantas pessoas não descobriram Chico Xavier, Emmanuel, André Luiz e, por consequência, a Doutrina Espírita justamente por conta dos filmes, das matérias em jornais e revistas? Muitos puderam ser consolados... E muitos outros ainda serão.
Contudo, lembremo-nos que somos munidos de livre-arbítrio. Sendo assim, assistimos aos filmes se quisermos ou quando quisermos. Participamos de enquetes quando e como quisermos. E votamos em quem achamos que devemos votar. O ato da divulgação, o chamamento à participação, a mobilização por um ideal são atitudes que devem ocorrer, mas sem a pretensão de se fazer verdade pura, inquebrantável ou mesmo ato forçoso, obrigatório.
Realmente é muito preocupante a forma como algumas pessoas se manifestam quando se acham em defesa do Espiritismo. Mas, considerando que o verdadeiro espírita é aquele que conhece suas imperfeições e luta por extirpá-las a fim de melhorar-se, concluímos que essas atitudes não provém de defensores da Codificada Doutrina. Aí, sim, o desvio de perspectiva.
A gênese de um "fundamentalismo espírita" me preocupa bastante. Mas o que mais se afigura em angústia em meu coração é o fanatismo daqueles que subvertem a máxima "Fora da caridade não há salvação", tranformando-a em "Fora do Espiritismo não há salvação" ou "Fora do Centro Espírita não há salvação". E, infelizmente, chego à conclusão de que essa subversão tem sido exageradamente recorrente.
Um abraço a todos e parabéns, Denis, pela escolha do tema. Muito bom podermos debater sobre algo que nos leva a sair do confortável lugar-comum de sempre!
Mauro.
Muito válida sua opinião, Denis!
É incrível como tem-se uma necessidade de auto-afirmação, uma obsessão por ver uma forma uma manifestação da verdade que é o espiritismo como visão única para todos.
EU estou acompanhando bastante o desenrolar de tudo relacionado ao filme (que assisti por 2 vezes e ainda assistirei mais, pq eu achei mesmo maravilhoso, independente do Espiritismo), e não tenho visto toda essa hostilidade que vc referiu-se. Penso que de par com esse episódio negativo do tal blog que vc citou, há uma imensidão de bons exemplos à serem divulgados e parabenizados, tanto por parte dos espíritas, como de pessoas de outras crenças ou até sem crenças, que viram o filme e ficaram realmente encantados e emocionados, sobretudo com a mensagem extremamente significativa que o filme passa, e que tudo estão fazendo para que o filme seja o sucesso que ele merece ser. A mensagem do filme é muito mais forte e intensa, e parece que está realmente mexendo com as pessoas.
Enfim, seria ótimo ver seu parecer sobre os exemplos positivos que os espíritas e não-espíritas estão demonstrando também, especialmente no que diz respeito à grande fraternidade que está se formando pelo desejo sincero que todos estamos para ver o filme sendo um sucesso, não pelo Espiritismo, mas pela grande mensagem de amor, renovação, realidade (sim, a vida após a morte é uma realidade) e fraternidade que o filme retrata de forma tão bela e comovente! E além disso, o seu parecer sobre o próprio filme, quando tiver a oportunidade de vê-lo! :)
Abraços!
Olá, prezados.
Agradeço pela companhia na leitura e pelos comentários. Aliás, vcs foram tão dedicados que eu vou fazer até duas respostas.
Mauro, realmente é uma questão delicada. Eu concordo que as iniciativas que busquem a divulgação são válidas, mas apenas observo que isso às vezes é feito de mneira irrefletida. As pessoas divulgam e entram na onda por entrar, pelo auê, e muitas vezes isso não é pensado em termos de responsabilidades, consequências.
Por exemplo, eu cito uma campanha que tivemos recentemente que pedia votos para o Divaldo figurar entre as pessoas mais influentes de uma revista. Francamente, não vejo a utilidade disso, não sei qual é o benefício de aparecer um espírita nessa revista, e não consigo mensurar o que ganha a causa, com a exaltação de um indivíduo falível como os demais.
Bom, eu sei que vc entende a essência do que eu estou querendo dizer, e é sempre delicado tratar desses temas, porque às vezes as pessoas podem entender como má vontade ou coisa do tipo. Mas não é isso. E vc está coberto de razão quando fala da divulgação.
Eu só penso que essa divulgação precisa ter um caminho no sentido de o nosso conteúdo estar pronto, digamos assim, e aporta ser aberta por quem se interessar. Quer dizer, o nosso papel é ter a casa espírita bem organizada, equilibrada, acolhedora, pro dia que os amigos chegarem, e não sair de porta em porta angariando novos adeptos, sabe como?
Acho que a introjeção do Cristo é tão complexa e pessoal, que requer esse caminho.
Mas há espaço pra tuo, toda iniciativa bem intencionada é louvável. Mas nem por isso deve ser impensada.
Então que sejam feitas todas essas campanhas, mas que todos nós reflitamos e compreendamos bem o seu alcance e papel, ao invés de simplesmente encaminhar as propostas que se nos afiguarm recomendáveis.
Enfim, o tema é delicado e a diferença entre as posturas é sutil, por isso ach oque é bem legal a gente tratar um pouco sobre isso por aqui.
Abraços, meus caros!
Bom, cá estou de novo.
Prezada Luciana Luz, agradeço muito pela delicadeza do seu comentário, que trouxe ótimas coisas pra eu pensar. E penso que vc está coberta de razão: temos muitas coisas positivas pra nos fixarmos em relação ao filme, e eu estou devendo mesmo assisti-lo e trazer aqui tais coisas. Compromisso assumido para breve.
Acho que na verdade eu acabo me dedicando a fazer uma crítica, com a intenção de nos auxiliar a aprimorar a maneira de agir, porque normalmente essa é a lacuna a ser preenchida. Quer dizer, eu mesmo tenho me beneficiado dos relatos positivos dos amigos e eles são muito puteis, mas já tem alguns anos que passei a entender que nós, espíritas, não devemos criticar as outras religiões, mas devemos ter muito esmero e atenção à nossa própria postura.
É um pouco aquela coisa de vc se preocupar mais com a autocrítica, sabe como? Então eu me sinto à vontade pra pensar essas coisas, como se estivesse lavando a roupa suja em casa, hehehe...
Mas, vc tem toda razão, isso não pode causar a equivocada impressão de que se esquecem os lados positivos das coisas.
O episódio do blog do Maurício Stycer talvez tenha sido isolado quanto ao filme. Mas eu já tinha feito um post aqui no meu blog, que caso não tenha visto te convido a ler, sobre uma reportagem que saiu em abril na Superinteressante sobre Chico Xavier. Mais uma vez, espíritas de todo o Brail se mobilizaram na crítica aos jornalistas, alguns deles inclusive pedindo à editora que lhes fossem retirados os empregos.
Eis o link: http://viajantedouniverso.blogspot.com/2010/04/superinteressante-e-chico-xavier.html
Então é isso. A idéia é a gente não perder de vista uma boa reflexão sobre o nosso comportamento perante a sociedade, mas vaos, sim, procurar fazer isso sem deixar de perceber as boas coisas que têm acontecido.
Queridos, abraços a todos e obrigado!
Amigo Denis, sempre trazendo ótimas reflexões.
Antes mesmo de ver trailers, vi umas imagens de "nosso lar" que me fizeram pensar: "puxa, não é bem assim que descreve o livro..."
Sou bem crítico, mas vou aprendendo a guardar minhas críticas, pois afinal, quem somos nós para recriar nosso lar? Com certeza não devemos ter passado nem perto...rs...
E afinal, por que não olhar realmente o lado bom de tudo?
Mas não podemos deixar algumas coisa passarem mesmo... a doutrina espírita não deve ser "cega", mas uma fé raciocinada.
Concordo plenamente que algumas coisas, até mesmo algumas divulgações são inúteis.
Sobre a forte campanha de divulgação do filme, tem a jogada financeira com certeza: "Os espíritas divulgaram Bezerra boca a boca, e vai ser assim com Nosso Lar..."
Sabem do nosso "potencial".
Resumindo: Será que por estar com o selo ESPÍRITA não defendemos com unhas e dentes sem raciocinar sobre o assunto?
depois eu volto...rs
Tenho que ver o filme...
abraços a todos!!!
Estou eu aqui novamente... Perdoem-me se estiver sendo insistente. Hehehe...
Denis, eu entendi perfeitamente as suas colocações e partilho da sua preocupação relativamente à "forma" como alguns espíritas se lançam à defesa da causa e à divulgação do que muitos rotulam como arte espírita. Realmente, vemos surgir defensores nervosos, excessivamente mal educados, em outras palavras: "anti-espíritas" (assim os considero, pois que suas atitudes acaba por posicioná-los diametralmente opostos à Doutrina).
Entretanto, embora vejamos tantas deformidades, entendo que em muitas ocasiões não podemos nos omitir e ficar alheios. Se divulgar, observar, participar e discutir - como fazemos agora - pode servir para que muitos conheçam um pouco das realidades espirituais (não digo conhecer a Doutrina porque, como você mesmo disse, não há religião no mundo espiritual) por que não fazê-lo? E se pode servir de alento, conforto para outros tantos, por que também não fazê-lo?
Lembremo-nos o que muitos dos espíritos afirmam, inclusive na Codificação: não fazer o bem pode permitir que o mal triunfe...
Quanto aos críticos de arte, como os de cinema, que façam o seu trabalho. Gostar ou não gostar do filme, do roteiro, da produção, da atuação é coisa inerente à sua profissão. O que não podemos deixar passar em branco, é a crítica à obra literária em si, aos fatos e à Doutrina. Tomando os devidos cuidados e precauções quanto à forma - reitero, nossa preocupação - quem pode defender os postulados espíritas, a fim de evitar o sincretismo e a mistificação, senão os próprios espíritas? Não foi isso o que fez León Denis, considerado o Consolidador do Espiritismo, defendendo a Doutrina e a sua pureza nos primeiros Congressos Espíritas Internacionais? Não foi assim que agiu o benevolente Eurípedes Barsanulfo no famoso debate em praça pública com padre Feliciano?
Em breve "vasculhada" em sites de opinião na internet, e mesmo na mídia impressa, podemos separar o joio do trigo: separamos Críticos de críticos. Os primeiros são aqueles que fazem o seu trabalho de forma imparcial e direta. Mas há aqueles, e são muitos, que imprimem sua opinião pessoal, muitas vezes descabida e preconceituosa, utilizando de termos jocosos e de intenção duvidosa relativamente ao Espiritismo. E aí, que fazer? Deixar que o tempo resolva?
É bem verdade que o tempo é o pai de todas as resoluções. Contudo, em tempos de democratização da cultura e da informação, com amplo acesso à mídia e à internet, os conceitos se formam muito rapidamemte, litaralmente num piscar de olhos. E alcança a muitos, muito mais que as Casas Espíritas podem alcançar... Dessa forma, a preparação da Casa Espírita, por mais que seja necessária, não poderá fazer quase nada àqueles que receberam informações conflitantes, incoerentes. É aí, sim, que devemos agir. Obviamnete com equilíbrio, educação...
Nem 8 nem 80! Equilíbrio é a palavra chave.
Posto aqui, em duas partes, carta de Richard Simonetti em resposta à reportagem da Revista Veja. A manifestação de Simonetti é o exemplo de como se preocupar com a forma no ato de crítica em defesa do Espiritismo. Aliás, não é a primeira vez que o palestrante e escritor espírita se manifesta contrário a uma reportagem da supracitada revista. Vejamos:
Richard Simonetti lamenta em carta à Revista Veja tom de deboche na reportagem sobre o filme Nosso Lar
Carta para a revista VEJA
1 de setembro de 2010
Senhor redator.
Como espírita, assinante dessa revista há muitos anos, lamento o tom de deboche que caracterizou sua reportagem sobre o filme Nosso Lar, o que, diga-se de passagem, também está presente em matérias sobre outras religiões. Nesse aspecto, VEJA é uma revista coerentemente debochada. Não respeita a crença de nenhum leitor.
Pior são os erros de apreciação sobre a Doutrina Espírita, revelando ignorância do repórter, uma falha perigosa, porquanto coloca em dúvida outras matérias e informações. Como saber se os responsáveis estavam preparados para escrevê-las, evitando fantasias e especulações?
Para sua apreciação, senhor redator, algumas “escorregadelas” do repórter:
a) Grafa entre aspas o verbo desencarnar. Só teria sentido se ainda não houvesse sido dicionarizado. Por outro lado, noventa por cento dos brasileiros são espiritualistas, isto é, acreditam na existência e sobrevivência do Espírito. Este ser imortal desencarna, jamais morre. A minoria materialista, que acredita que tudo termina no túmulo, certamente terá surpresas quando “morrer”.
b) Fala em cordilheira de ectoplasma onde se situaria Nosso Lar. De onde tirou isso? Ectoplasma é um fluido exteriorizado pelos médiuns para trabalhos de materialização. Os físicos, esses visionários cujas “fantasias” acabam confirmadas pela Ciência, falam hoje que há universos paralelos, que se interpenetram, semelhantes ao nosso. A partir daí, não é difícil imaginar o mundo espiritual descrito por André Luiz como parte de um universo paralelo com seres e coisas semelhantes à Terra, feitos de matéria num outro estado de vibração, não um mundo “ectoplasmático”, mas de quintaessência material. Nada de se admirar, portanto, que em cidades desse mundo existam pessoas com “uma rotina parecida com a dos vivos: comem, bebem, trabalham e moram em casas modestas ou melhorzinhas”. Espirituoso esse “melhorzinhas”. Imagina o repórter que o Espírito é uma fumaça sem forma, sem consistência, habitando um nada?
[...]
[...]
c) Situa o aeróbus, um transporte coletivo que voa, como algo improvável. Menos mal que não tenha escrito impossível. De qualquer forma, ignora, certamente, que pesquisadores estão aperfeiçoando veículos dessa natureza, em alguns países, como solução para os problemas de trânsito e que no universo paralelo, o mundo espiritual, de matéria quintaessenciada, é muito mais fácil resolver problemas relacionados com a gravidade. Ou, imagina que tudo flutua por lá?
d) Diz jocosamente que “o visual da colônia dos espíritos de luz comprova: o brasileiro pode até se livrar do inferno, mas não escapa nem morto da arquitetura de Oscar Niemeyer. A cidade fantasmática de Nosso Lar é a cara de Brasília…” Não se deu ao trabalho de comparar datas e não percebeu que, mais apropriadamente, Brasília copiou Nosso Lar, visto que a cidade espiritual foi descrita por André Luiz em 1943, enquanto a construção de Brasília foi planejada e ocorreu no governo de Juscelino Kubistchek, de 1956 a 1961, inaugurada em 1960.
Quanto ao mais, seria recomendável aos repórteres da VEJA o benefício de um estudo acurado e sem prejulgamento do livro que deu origem ao filme, psicografado por esse atestado vivo de integridade e amor à verdade, que foi o médium Chico Xavier, para compreenderem qual é o objetivo dessa magistral obra, como resume o Espírito Emmanuel, no prefácio:
"André Luiz vem contar a você, leitor amigo, que a maior surpresa da morte carnal é a de nos colocar face a face com a própria consciência, onde edificamos o céu, estacionamos no purgatório ou nos precipitamos no abismo infernal; vem lembrar que a Terra é oficina sagrada, e que ninguém a menosprezará, sem conhecer o preço do terrível engano a que submeteu o próprio coração."
Richard Simonetti
Olá Denis e mais amigos,
Considero esta uma questão um tanto delicada: A divulgação da Doutrina Espírita, que tem, em sua maior parte, seus adeptos por apresentação.
Temos hoje livros, desde a codificação trazida por Kardec indo à obras secundárias que tanto nos esclarece, a arte se apresentando no teatro, na música e onde mais nosso trabalho alcançar, os vários sites de debates, programas na TV, rádios, enfim... uma infinidade de meios progragando a mensagem do Consolador Prometido por Jesus, o Espiritismo.
Mas o que vemos por aí talvez não seja exatamente o que estudamos na Casa Espírita, não está em conformidade com os relatos que temos do plano maior conforme a verdadeira a proposta da Doutrina, a nossa REFORMA ÍNTIMA.
Abraçando os comentários que dizem respeito ao filme NOSSO LAR, acredito que encontramos ainda muitos outros, parecidos, mais críticos ainda, alguns colocando algo de fantasioso em toda a produção, e outros, talvez a porção espírita do todo, analisando somente o essencial, que é a mensagem, se se traduz em suma o que o Benfeitor André Luiz quiz clarear para nós, em nosso íntimo nos preparando para a vida do lado de lá, trazendo de suas experiências, exemplos nos fortalecendo a caminhada em fé... esse é o ponto em que deveríamos, em minha opnião, nos concentrar.
Como disse, os manifestações sobre a doutrina acorrerão de toda a parte, mas o que caracteriza-la-á será nossa conduta, nosso trabalho, o nosso exemplo. Se pelo exemplo Jesus ensinou, e nos disse ainda que poderíamos fazer algo ainda maior, não fora por acaso, e sim a nos chamar a atenção para a nossa caminhada, dos exemplos que levamos a todo aquele que nos rodeia, lembrando sempre que em qualquer tempo somos a página viva do evangelho de Jesus.
A quem muito foi dado, muito será cobrado, foi assim que aprendemos, e partindo desse princípio, embasado pela caridade moral, entendamos que é nosso momento de filtrar da mídia o que nos acrescenta e dissipar o que de confuso ficar aos olhos daqueles que tiveram pelo filme o primeiro contato com a Doutrina Espírita.
Façamos a nossa parte, deixando fluir em nós os conhecimentos adquiridos, fortalecendo-nos em Jesus para não falar o desnecessário, ao contrário levando esclarecimentos, sabendo que nós mesmos somos falíveis e necessitamos de esclarecimentos e corrigendas.
Paz a Bem!
Cris.
Muito bom seu texto... essa discussão é mais do que pertinente. Tenho acompanhado no Facebook alguns comentários dos espíritas na página do Nossa Lar e confesso que não poucas vezes me surpreendi com a agressividade presente em alguns comentários a respeito dos críticos de cinema, como se esta fosse uma obra incriticável, o que não é verdade. Os espíritas querem que a doutrina seja divulgada e esteja em discussão também fora do meio religioso, mas muitos não parecem preparados para vivenciar os ônus disso, que são as as distorções e as opiniões em contrário (ambos previsíveis). Nesse contexto, só há um caminho possível aos que professam a fé espírita: tolerância, ferramenta preciosa e indispensável em qualquer debate, principalmente nos religiosos.
Pamella,
falou tudo.
Mais uma coisa boa sobre este filme para todos nós espíritas, iremos também treinar um pouco mais a tolerância diante todas as distorções e opiniões...
Amanhã verei o filme... (ansioso!)
Abraços!
a todos os espiritas que veem esse site:
o espiritismo é passível de crítica como qualquer outra coisa existente no mundo! e que bom que tem gente que crítica! num mundo dualístico como o nosso a critica contribui e muito pra gente aprimorar cada vez mais a visão do que é verdade e do que é real!
eh farisaismo atual!! pronto falei!kkk
e critica agente só faz pra coisa que balança o nosso coração...
como somos todos apaixonados por essa doutrina, temos liberdade de puxarmos a orelha uns dos outros de vez enquando...rs
abraços afetuosos a todos!
Mauro, Cris, Pamella, Roney, Vinícius e demais amigos,
A vontade que dá é que pudéssemos sentar juntos por algumas horas e debater sobre tudo isso. Acho que só de colocar pra fora a gente se alivia e se entende melhor, aperfeiçoa nosso pensamento.
Até por isso, acho que a idéia de equilíbrio que o Mauro sugere, de nem 8 nem 80, por mais simples que seja, é o melhor remédio: encontrar essa boa medida em que não esconderemos a candeia sob o alqueire, mas que tb não reflita um velado interesse de que a mão esquerda veja o que faz a direita, ou seja, de que o Espiritismo triunfe no mundo...
Até porque uma coisa eu digo pra vcs: Jesus rejeitou tudo o que significasse sucesso de sua doutrina no mundo. Invariavelmente, se mostrava indiferente a essas possibilidades e não deixava de dizer, na cara, suas ideias, por mais mal rcebidas pudessem ser. E foram, tanto que ele recebeu a cruz de presente.
Aí que eu acho que entra com perfieção o que a Cris disse, que nossa maior contribuição é a própria reforma, ou seja, é o nosso exemplo de renovação que vai marcar o triunfo do Evangelho, e não a divulgação por mídias, por exemplo.
Quanto à carta do Simontti, meu caro Mauro, eu diria que ele investiu tempo demais pra uma publicação sem gabarito como a Revista Veja, com toda franqueza. E, também, acho que dizer que os 10% de pessoas que não acreditam em vida após a morte terão uma surpresa ao morrer é uma maneira um tanto descaridosa de se referir à crença do próximo, respeitável por si só.
Quer dizer, verdade absoluta, ninguém tem. Então o primeiro passo pra reconhecer isso é ter cuidado com as nossas certezas, que em verdade não devem passar de convicções.
Então, a minha convicção é no sentido de que estar bem perante a compreensão do mundo não é um objetivo. Ademais, toda a idéia renovadora foi alvo de severas críticas. A Pamella bem lembrou que estar sujeito a essas críticas é parte do preço que pagamos por sairmos de uma esfera apenas religiosa. Então, e como disse o Vinícius, deixa a turma criticar à vontade... deixa que escrevam reencarnação entre aspas, e o mundo vai nos mostrando o que é bom e devemos reter e o que será dispensável ou equivocado. Pra cada um a seu tempo e à sua maneira.
Vai mostrando (a vida) pra nós e pros outros... e tudo fica mais fácil quando temos verdadeiro respeito pela visão dos outros.
Então se a Veja, algum crítico ou quem quer que seja não tiver respeito pelo nosso ponto de vista, eis aí mais um excelente motivo para termos todo o respeito do mundo pelo ponto de vista deles.
E com isso, crescemos todos.
Pessoal, pra finalizar, vou publicar a seguir no blog um texto bem direto. É a visão de um amigo sobre essa coisa toda do Nosso Lar. Como ele é um trabalhador admirável, e excelente amigo, e como sua opinião é forte e pode nos levar a boas reflexões, resolvi replicar aqui no blog.
E isso vai esquentando nossas cabeças!
Abraços a todos, queridos! E obrigado pela atenção de vcs.
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