terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Crise, essa gordinha engraçadinha!

Crise financeira. Funciona mais ou menos assim:

- O capitalismo é um sistema que se assemelha a um sujeito muito gordinho, mas que pra se saciar precisa comer mais, mais, mais e mais ainda. Assim - e só assim - ele fica felizinho. Mas se um dia ele comer o mesmo ou menos do que no dia anterior, pronto: entra em crise, começa a chorar, se debater, dá um pitizinho.

- Logo, logo ele tem que arranjar um jeito de comer mais.

- Baseadas numa ficção total, as empresas tem a impossível missão de lucrar sempre mais do que antes. O crescimento é medido sobre o já crescido anteriormente, e a tarefa é muito mais enganar e simular a capacidade de crescer do que efetivamente crescer. Isso dá dinheiro, o objetivo unívoco da sociedade contemporânea.

- Daí os executivos ultra-remunerados fazem malabarismos impossíveis e ficciosos, as empresas adquirem participações umas das outras, simulam resultados, corrompem auditorias e tudo vai se baseando num sistema dependente do crédito, ou seja, de uma perspectiva futura que é pelo menos superestimada (pra dizer o mínimo).

- Ou seja, é a expectativa do que poderá existir de riqueza no futuro que vai lastreando a falsidade na qual se baseia o crescimento da economia. Mesmo que seja uma expectativa falsa!

- Mas chega uma hora que a coisa dá muito na cara... a ponta da corda, que é a produção efetiva de riquezas, arrebenta (excesso de produção), os sacos de dólares dos operadores do sistema já estão devidamente empaturrados e vem à tona a mentira que simulou um crescimento que, na verdade, é um crescimento futuro e que foi antecipado na marra, pra atender aquela ânsia do capitalismo de comer cada dia mais que ontem - esse fominha desvairado!

- Aí todos se afundam. As pessoas sorriem menos (dizem as pesquisas). A preocupação global se instala e os jornais clamam por novos paradigmas.

- A Sony, por exemplo, está muito mal. Lucrou apenas 100 milhões de dólares em 2008, contra 2 bilhões em 2007. Coitada. Como é triste ter menos do que ontem. Isso é motivo bastante para o sofrimento.

- E os bobos que se endividam para repartir seu dinheiro entre os contratadores do endividamento, os vendedores das desnecessidades e os especuladores do meio do caminho é que perdem seu emprego e expressam a crítica situação com suas estatísticas... O sistema bancário americano teve no ano passado o primeiro trimestre de perdas desde 1990. Isso: eles ganharam dinheiro, muito dinheiro, durante esse tempo todo, e quando a coisa foge um pouquinho da conveniência deles, é crise, corte de empregos, falência com prejuízo aos minoritários.

- Vai entender essa crise. Essa engraçadinha, chamada crise. Essa gordinha inveterada, chamada crise. Essa bolinha que só sabe ameaçar a explosão, mas que na hora "H" dá seu jeitinho e segue seus ciclos de muito comer... Quando será o próximo?

- (Só acho que quando for o último, o do colapso, ela não vai dar essa bandeira toda...)

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