sábado, 30 de janeiro de 2010

Saída

Queridos amigos,

Atendendo a um pedido, coloquei no youtube um video bem simples da música "Saída", com o violão de frente, que pode ajudar aqueles que queiram aprender a tocar.

Pra quem se interessar, eis o link:


http://www.youtube.com/watch?v=7tCSJoFNkOQ&

Abraços a todos.


Denis

sábado, 16 de janeiro de 2010

Sobre mocidades espíritas

Frequento mocidades espíritas desde 1995. E já me beneficiei muito desse contexto, não só na minha própria mocidade, como em muitas outras que conheci e frequentei, principalmente em Belo Horizonte.

Contudo, a partir dos anos 2002, 2003 em diante, pouco mais ou pouco menos, comecei a observar que várias das mocidades próximas experimentavam fenômeno semelhante: menor envolvimento dos jovens, diminuição do número de frequentadores e diminuição da média de idade dos participantes.

No contato com amigos que frequentavam mocidades em outras partes do Brasil, soube que tal realidade não era exclusiva de Belo Horizonte, ocorrendo em diversas cidades. Claro, havia variações de tempo e de intensidade nesses "sintomas". Mas, em regra, era possível diagnosticar o mesmo fenômeno.

Como consequencia, os próprios encontros de mocidades acabaram por registrar uma modificação no perfil e nos interesses de seus participantes, muitas vezes mais jovens que nos anos anteriores e mais ligados aos encontros em si mesmos do que aos encontros como uma extensão das atividades das mocidades.

Se isso ocorresse em núcleos isolados, poderíamos pensar em explicações locais e específicas. Mas como tudo se reveste de uma certa generalidade, penso que pode-se pensar numa explicação igualmente genérica, que explique ao menos uma parcela dessa dinâmica tão natural e inevitável.

Parece-me que a propagação de mídias e novos meios de entretenimento é a principal explicação. Tudo indica que os jovens se ligam a grupos como as mocidades espíritas muito mais como oportunidade de convívio do que pelo interesse de estudar ou ajudar o próximo. O estudo e o altruísmo costumam ser levados a sério, mas como consequencia da participação na mocidade, e não como pressuposto dela. Em outras palavras: o estudo e a caridade são, para as atividades das mocidades, uma grata extensão, e não a causa primeira de identificação do grupo.

Por isso, acredito que o maior leque de alternativas de comunicação e contato com os "semelhantes" tornou a ida às mocidades espíritas (e quem sabe a outras organizações parecidas) menos necessária, digamos, para muitos jovens. ICQ, chats, MSN, Orkut, Twiter e outras dessas ferramentas dentro de casa permitiram que as lacunas sociais fossem preenchidas de modo mais fácil e até menos trabalhoso.

Quero dizer: o ampliado acesso à Internet pode ser ao menos parte da explicação desses acontecimentos comuns a tantas mocidades.

A propósito, as próprias emissoras de tv justificam a queda de audiência de seus programas de 10 anos pra cá, apesar do aumento da população, com essa realidade das novas mídias, sobretudo as ligadas à Internet.

Os salões dos centros espíritas, por sua vez, não costumam acusar os mesmos sintomas, o que é fácil de entender: é que os "adultos" se estimulam a estarem ali por outros motivos, diferentes desse que costuma impulsionar o hovem, que é mais ligado ao relacionamento social com seus iguais.

Enfim, eis uma tese.

Isso tudo é só uma tentativa de diagnóstico. Efetivamente, as mocidades precisam se reinventar e não me parece haver nada de indigno em se "disputar" a atenção dos jovens para o que acontece dentro delas (mocidades). E isso, é claro, sem pieguismos, de querer justificar a utilidade de estar ali, para os jovens, utilizando-se bordões.

"Fora das mocidades há salvação", e a questão é só de tornar a mocidade uma alternativa suficientemente interessante para chamar a atenção dos jovens, se é que entendemos haver, ali, boas coisas pra se fazer. Afinal, por meio da participação numa mocidade pode ser lançada uma semente fundamental na vida de algum jovem, sobretudo porque após a juventude costuma haver um hiato na busca por uma "espiritualidade", posto que as tribulações de quem está envolto nos estudos, iniciando a carreira profissional e organizando a vida familiar costumam deixar pouco tempo pra esse lado, que é tão importante.

Muitas vezes, apenas quando a vida se organizar melhor, ou quando certos problemas aparecerem, é que essas pessoas "já não tão jovens" procurarão as Casas Espíritas (claro, se essa for a afinidade delas, mas podem ser outras religiões etc). E se tiverem passado pelas mocidades, terão muito mais chances de não resumirem sua participação adulta à assistência de palestras, lançando-se ao trabalho com maior disposição.

Coloco o tema ao conhecimento dos amigos porque sei que ele é comum ao cotidiano de muitos, e porque certamente é possível aperfeiçoarmos nosso trabalho se tivermos em vista um objetivo, em paralelo com uma visão dos possíveis obstáculos.

Uma relevante meta, a meu ver, é o desenvolvimento da espiritualidade no indivíduo. E a dificuldade é o laço tênue que os jovens, principalmente, têm estabelecido com as Casas Espíritas.

Eis o desafio. Quem se habilita?

Haiti ou "ai de ti"?

Tragédias como a ocorrida nesta semana no Haiti nos conduzem a uma reflexão muito relevante. Terá sido tudo obra do acaso ou por trás desses acontecimentos de amplas consequencias existe um minucioso cálculo, destinado a alguma finalidade específica?

O Presidente dos EUA classificou a tragédia como cruel e incompreensível. Penso que ele tem razão apenas aparente, ao menos se os fatos forem analisados à luz dos entendimentos que desposamos.

Se existe um Deus infinitamente bom e justo, como poderíamos crer que alguma ação cuja origem só pode ser atribuída a Ele - já que a ocorrência de um terremoto foge ao controle do homem - seja uma ação cruel?

Deus, naturalmente, não age com crueldade, mas simplesmente permite a ocorrência de eventos cuja necessidade resulta das ações dos homens. Esses eventos podem até nos parecer cruéis. Mas quando observados no contexto das perspectivas evolutivas, certamente serão vistos como eventos adequados e necessários.

E é exatamente este raciocínio que nos levará ao entendimento da tragédia, que deixa, portanto, de ser incompreensível. Afinal, se existe a lei de causa e efeito, e se ela é efetiva para todos, podemos perceber que a demanda de ajustamento dos espíritos envolvidos em cada acontecimento é explicação e justificativa desses acontecimentos.

O grande problema está no conhecimento da origem dessa necessidade de ajustamento. Há um brocardo que diz que "a pior dor é aquela cuja causa se desconhece". Efetivamente, se desconhecemos a causa de um sofrimento, ele parece injusto.

Mas é aqui que o conhecimento entra. Sabemos que tivemos vivências pretéritas e que muito provavelmente fizemos mais coisas ruins do que boas, pelo que dependeremos de eventos com algum grau de sofrimento para regerenarmos nosso ser. Contudo, nossa realidade evolutiva indica que conhecer o passado - e consequentemente as causas de nossos sofrimentos atuais - é, no momento, mais prejudicial do que benéfico. E por isso somos auxiliados com o que se costuma chamar de "véu do esquecimento", ou seja, o esquecimento das reencarnações anteriores.

Acreditar que todo o sofrimento passado é necessário constitui, ao menos em princípio, um exercício de fé. É ter a efetiva crença de que algo realmente bom e justo rege o universo e não permite que ocorram acontecimentos desnecessários ou injustos.

Afinal, ou esse Deus é perfeito e consegue fazer "cálculos" igualmente perfeitos e que permitem que vivemos precisamente aquilo o de que necessitamos, ou não cremos num Deus realmente adaptado ao conceito que damos a Ele, de soberana bondade e amor, um Deus onisciente e onipotente.

No caso específico do Haiti, ainda que sigamos beneficiados pelo esquecimento do passado, podemos supor que as marcas de sofrimento que esse país carrega sugerem que ali está reunido um grupo de espíritos cujos débitos recíprocos indicam a necessidade de que o reajustamento se dê pela dor coletiva, surgindo a dificuldade como exercício de convívio e crescimento moral.

Quem sabe estão envoltos nas dores de hoje aqueles que dizimaram os habitantes nativos quando da conquista daquelas terras pelos europeus. Ou quem sabe se encontram ali os mesmos que no passado lutaram uns contra os outros, na busca da dominação política.

O que importa é que mesmo após uma tragédia dessas o céu continua azul. E a esperança no futuro melhor é, e sempre será, a mais perfeita saída pra se tentar a reconstrução, não só de um país em ruínas, mas principalmente dos próprios espíritos ali reencarnados. A esperança, então, quando impulsionada pela solidariedade, parece resultar em incríveis benefícios para os espíritos.

Os haitianos - como nós -, são convidados ao desenvolvimento moral também por meio das dores que dilaceram o ser. A reconstrução da estrutura física parece ser, no momento, o mecanismo que convida à reconstrução moral.

Vige, no Universo, a soberania do amor. Mas como se trata de um amor efetivo, ele não se notabiliza por nos dar tudo o que elegemos como bom. Deus nos confere, em verdade, exatamente aquilo de que necessitamos para triunfarmos sobre nós mesmos, alcançando o crescimento que justifica a senda dos espíritos encarnados na Terra.