terça-feira, 16 de novembro de 2010

João Cabete em dose dupla

É muito bom andar por aí com a música "dita" espírita (digo dita, porque sabe lá se existe essa definição).

Muitos se queixam das dificuldades de introduzir a música nas casas espíritas. Alegam obstáculos múltiplos, e quem sabe eventualmente terão razão.

Apesar disso, as coisas hoje parecem muito mais fáceis do que foram para os nossos precurssores. Tim e Vanessa, por exemplo, e às vezes mesmo sem saber, têm aberto mil portas de casas espíritas que, conhecendo seu trabalho, passam a olhar com outros olhos os jovens com seus violões.

Mas fico pensando o que seria da música que fazemos hoje nas casas espíritas sem o trabalho de João Cabete. Desde a década de 1940, salvo engano, ele veio trazendo à lume belíssimas canções que ao longo de todos esses anos tem sido, em vastíssimos casos, as desbravadoras das casas espíritas, mostrando que a formação de um ambiente adequado para nossas atividades pode ser muito favorecida pela música.

É incrível. Sua obra é vastíssima, as músicas de excelente gosto, providas de mensagens absolutamente inspiradas e coerentes com a obra do Cristo. Eu arriscaria dizer que Cabete fez para a música espírita o que o Chico fez pela literautra. Não é àtoa que ele é, e deve continuar sendo, referência de qualidade para o que se faz atualmente.

Para brindar a lembrança desse trabalhador tão dedicado, disponibilizei nou Youtube um vídeo do nosso querido amigo João Paulo Lanini, da cidade de Bicas, interpretando a música "Fim dos Tempos", de João Cabete. Aconteceu na última Mostra de Músicas Espíritas de Leopoldina, que tivemos em setembro último, evento muito gostoso.

Esse momento foi emocionante.

Veja que as pessoas não resistem e começam a cantar em coro, acompanhando o violão, além de aplaudirem efusivamente, ao final. Foi tudo muito bonito, e é por isso que convido-os a ver:



Além disso, ontem vi outro vídeo lindíssimo, também disponível no Youtube. Na edição, sobre o áudio original de Cabete vai entrando um arranjo novo, inlcuindo uma bela voz e uma suave flauta, feitos por netos do nosso menestrel da música espírita. Há ainda fotos antigas do Cabete, enfim, o vídeo é muito bonito:



Ademais, quem não conhece ou quer conhecer mais o trabalho de João Cabete tem muito do que se servir:
Clique aqui para ver uma breve biografia de João Cabete.
Clique aqui para conferir várias de suas músicas em mp3, em versões originais, por ele mesmo.
E clique aqui para baixar um songbook com as cifras de suas músicas.

De nossa parte cumpre apenas estender o nosso abraço carinhoso, fraternal e agradecido àquele que tanto fez pela doutrina e tantos corações acalmou com suas belas canções. Imaginamos que, de onde estiver, deve estar oferecendo inspiração a quantos se dediquem com afinco à divulgação do Espiritismo pela música e à pacificação do homem pelo Espiritismo.

"Vem, Senhor, com teu amor tão profundo
Iluminar consciências e fazer feliz o mundo" - João Cabete

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A genética e o espírito

Nessa semana, uma notícia veiculada por agências de internacionais em vários sites me chamou a atenção para uma velha questão.

O título era mais ou menos o seguinte: "Cientistas acreditam ter descoberto o gene da generosidade".

Para ver uma das versões completas da matéria, clique aqui. Mas faço a seguir um breve resumo, para depois tecer não menos breve consideração sobre como pode ser a relação entre os genes e o espírito.

O caso é simples: na experiência científica, pesquisadores deram pequena quantidade de dinheiro para cada voluntário, que tinha a opção de doar parte do montante. Depois, analisando os resultados, os cientistas perceberam que os portadores desse tal gene doaram o dobro das demais pessoas.

Bom, se essa experiência foi bem fundamentada e se encontraram o gene certo, eu não faço ideia. Mas também isso não é o que me chama a atenção e pretendo discutir.

O caso é que sempre surgem notícias de pesquisadores relacionando determinadas características, comportamentos ou tendências das pessoas, como essa da generosidade, à presença de certos genes.

Daí, pergunto: e como fica o espírito, nessa história? Afinal, somos determinados pelos fatores biológicos? E o livre arbítrio?

Ao meu ver, a possível resposta a essa indagação é até simples, pelo que vale expressá-la.

Ora, sem dúvida temos genes que nos determinam certas características, nos indicam as tendências. Mas o que determinou esses genes, antes que eles existissem em nós? O acaso? Não!

Foi o nosso próprio espírito!

Quer dizer, quando são juntados o gameta masculino e o feminino numa fecundação, estão disponíveis milhares e milhares (quem sabe milhões) de combinações genéticas, a despeito de serem aquele pai e aquela mãe. Como são escolhidas as combinações? A lógica da nossa própria concepção sobre "que é Deus" indica que aleatoriamente é que não pode ser.

Isso abre espaço para vermos na influência do espírito no seu próprio processo de reencarnação (consciente ou não) o indicativo desses "dados" genéticos. Ou seja, são as próprias experiências e necessidades do espírito reencarnante que "atraem", por assim dizer, a formação biológica mais proveitosa para aquela vivência que se inicia e, assim, é constituído aquele novo corpo.

Afinal, o corpo humano é instrumento da evolução do espírito e poderá proporcionar, na condição de veículo do mundo físico, um sem número de condições norteadoras das vivências.

Da pra imaginarmos um sem número de razões pata que nossas características sejam exatamente como são. Mas o mais importante é frisarmos que o nosso corpo é constituído e se mantém a serviço da individualidade, e não o contrário.

Afinal, o espírito é pré-existente ao corpo e seria ilógico que fosse por este determinado.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Meu "camarada" finado

Hoje, 2 de novembro, celebra-se o "Dia dos Finados", ou "Dia dos Fiéis Defuntos".

No seio da tradição católica, a celebração remonta às mortes dos mártires do cristianismo, cuja memória era cultuada pelos seguidores sobreviventes do Cristo, que assim se encorajavam ante as adversidades descortinadas para os crentes da primeira hora.

Mas esse culto não foi exatamente uma novidade. Mesmo os romanos tinham no culto aos antepassados importante prática social (confira clicando aqui). Com essa convicção, fica clara a crença na continuidade da vida após a morte do corpo.

A própria lógica do feriado de finados deriva da crença de que a morte não põe fim à vida. Lembramos as almas afins que nos deixaram porque acreditamos na possibilidade de conexão com elas, direcionando, assim, o nosso respeito, saudade, admiração, lembrança...

Ou seja, a sobrevivência do espírito é ideia largamente aceita, há muitos séculos e pela maioria das crenças. O que Kardec fez, e com maestria, foi sistematizar o entendimento, dar nomes, compreender melhor os fenômenos, e demonstrar que a sobrevivência da alma e a reencarnação, por exemplo, existem para cumprir uma finalidade Divina e obedecem às leis naturais.

A propósito, cabe assinalar que o inglês Thomas More, no livro "Utopia", publicado em 1516, assim narrou sobre Utopia (uma cidade imaginária, centro das narrativas do referido livro, e que seria um local muito melhor do que o que se conhecia na Terra):

"Quase todos os utopianos alimentam a convicção íntima de que uma felicidade imensa aguarda o homem além-túmulo. É por isso que choram pelos doentes e jamais pelos mortos, excetuando o caso em que o moribundo deixa a vida inquieto ou a contragosto."

"Os mortos (...) assistem às conversações dos vivos, ainda que invisíveis ao pequeno alcance dos olhos dos mortais."

"Por conseguinte, segundo as idéias utopianas, os mortos se misturam à sociedade dos vivos e são testemunhas de suas ações e palavras."

Muito bem. Eis a característica da Verdade. Ela será revelada a todo o tempo, por toda a fonte, e retumbará cheia de sentido, dentro de nós.

Assim, nós, que acreditamos na continuidade da vida após a morte, podemos lembrar das almas queridas e já falecidas com especial carinho no dia de hoje. Não cultuamos túmulos, mas lembranças e vida, de quem, não duvidamos, segue vivo em algum outro lugar.

Podemos fazer isso, quem sabe, reverberando os versos da linda música "Camarada", da autoria de Willi de Barros, que às vezes parece reproduzir um dialogo entre nós e aquele nosso camarada já desencarnado, mas que sentimos perto de nós:

"Já não lembro de você
Seu rosto se dissolveu na memória
Mas com te esquecer?
Como não te lembrar dentro do coração?

E quando parti deixei
Tesouros de afeição no caminho
Difícil é descrever
A saudade que vem se me sinto sozinho

Espera, meu amigo, que um dia ainda vou voltar
Às vezes imagino quando é que eu vou te reencontrar, te reencontrar...
Tenho tanto pra te contar do que aprendi aqui
Mas sei que nem preciso porque estás bem aí, perto de mim

Meu amigo do peito, camarada
Amigo do peito, camarada..."

Esa música tem uma belíssima gravação no CD "Tempo Dominó, da nossa amiga Cacau. Para os que não conhecem, fiz o vídeo a seguir. Para baixar a cifra, clique aqui (está um tom abaixo do tom que eu toquei no vídeo).



PS: Fico devendo um post sobre o livro "Utopia" e sua perfeita compatibilidade, ao meu ver, com a Doutrina Espírita.