segunda-feira, 12 de outubro de 2009

E se alguém orasse por você?

Como a principal característica desse nosso mundo é que "aqui tem de tudo", transcrevo a seguir reportagem que descreve uma das novas bizarrices tecnológicas disponíveis: um site que coloca um computador pra rezar por você, por um preço em conta!

Sem maios comentários, pois a reportagem é auto-explicativa...

12/10/2009 - 07h00
Criador do site que "reza por você" admite que "infelizmente" não ora com frequência

Bárbara Paludeti
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Com a correria do dia-a-dia, até os mais fervorosos fiéis ficam sem tempo de rezar ou mesmo esquecem. Em tempos de Twitter e Facebook, o computador pode ser um aliado para a prece diária. Para ninguém ficar com remorso porque deixou a oração de todos os dias passar, um norte-americano de Boston resolveu criar o Information Age Prayer - em tradução livre, Sistema de Oração na Era da Informação - algo como uma "prece eletrônica".

Pelo site do serviço, o internauta se cadastra, vira assinante, paga uma taxa mensal, e o computador reza por ele. Se você, internauta, achou essa história curiosa, não foi o único. Por isso, o UOL Notícias foi atrás do criador do site para entender como isso funciona.

"O Information Age Prayer é um novo e excitante caminho de se comunicar com Deus", explica o fundador James Mcarlos, 23, estudante de psicologia, em entrevista ao UOL Notícias. O idealizador do sistema admite que não reza com frequência e foi o primeiro a assinar o serviço.

Segundo Mcarlos, o site já recebeu visitas de pessoas de 168 países, ele ainda acrescenta que a maioria dos internautas brasileiros que acessam o site são de São Paulo. Das orações mais pedidas pelo sistema, 30% são para os filhos, 15% prece por ajuda financeira e 10% a Ave Maria.

Veja a entrevista que Mcarlos concedeu ao UOL Notícias:
Filósofo analisa
Para o coordenador do curso de filosofia da Universidade Metodista de São Paulo, Daniel Pansarelli, que é ateu, a ideia do site mostra o descompromisso das pessoas com o divino, o sagrado

UOL Notícias - Qual a sua religião?
James Mcarlos - Sou espiritual, mas não pertenço a um grupo religioso em particular.

UOL Notícias - Como o serviço funciona? Você pode explicar?
Mcarlos - O Information Age Prayer é um serviço de assinatura que usa um computador com capacidade de repetir as suas preces todo dia. Isso dá a satisfação de saber que as suas orações estão sempre sendo ditas, mesmo que você acorde atrasado ou as esqueça.

Nós usamos um sintetizador de voz no computador que imita a voz de uma pessoa como se ela estivesse rezando. Cada oração é repetida individualmente, com o nome do fiel exibido na tela.

UOL Notícias - O sr. acha que tem o mesmo poder quando um computador está rezando por você?
Mcarlos - Nós achamos que nosso serviço do Information Age Prayer deve ser usado mais como um complemento das suas orações, para aumentar e reforçar a ligação do assinante com Deus. A oração tradicional é uma parte importante dessa conexão e nunca deve ser esquecida, mesmo depois de se inscrever no sistema.

Como em toda oração, os resultados são de acordo com a vontade de Deus. Nós não fazemos reivindicação sobre a eficácia do serviço, no entanto, a nossa opinião é que o onisciente Deus ouve as orações quando elas são repetidas, assim como Ele ouve tudo na Terra. Ele sabe exatamente quem se inscreveu e de quem é aquela prece quando o nome é mostrado na tela do computador e a prece é falada. Deus também está ciente de todas as doações de cada assinante para a caridade.

UOL Notícias - A voz do computador é a mesma para todos, seja homem ou mulher?
Mcarlos - As orações são geralmente ditas com uma voz masculina, ainda não fomos capazes de atender a pedidos especiais de uma voz feminina para os nossos assinantes. Essa é uma outra opção que esperamos dar aos nossos clientes no futuro.

UOL Notícias - Quais os assuntos que são mais recorrentes?
Mcarlos - Muitas pessoas compram preces para ajudar seus amigos financeiramente. Uma oração bastante popular é pelos filhos, as pessoas costumam se inscrever e pedir preces separadas para cada filho.
UOL Notícias - Quantas orações são ditas por dia?
Mcarlos - Nós não divulgamos o número total de orações, mas esperamos aumentá-lo para uma grande quantidade quanto tivermos capacidade de oferecer mais orações grátis para todos.

UOL Notícias - Vocês atendem só católicos, judeus, protestantes e muçulmanos. Por que só essas quatro religiões?
Mcarlos - Esperamos expandir nossos serviços para ajudar mais pessoas. Esperamos também incluir mais preces grátis em um futuro próximo, se você tiver alguma sugestão, me mande um e-mail.

UOL Notícias - As pessoas podem pedir uma prece personalizada?
Mcarlos - Tivemos alguns pedidos de preces personalizadas, mas ainda não fomos capazes de conseguir este feito.

UOL Notícias - Alguns ateus já pagaram para que o computador rezasse por eles?
Mcarlos - A religião dos nossos assinantes é particular, mas nós temos tido um grande número de orações comprados de uma pessoa pedindo por outra. Sendo assim, presumimos que muitas dessas pessoas podem ser ateus com parentes religiosos.

UOL Notícias - O sr. já recebeu reclamações de pessoas que tenham contratado seus serviços? Ou de religiosos por estarem, supostamente, indo contra a religião que diz que a prece é algo pessoal?
Mcarlos - Todos os nossos assinantes estão felizes com os resultados, mas temos recebido alguns comentários negativos de outros. Não achamos que nosso serviço é para todos, mas estamos contentes de fornecê-lo para quem precisa.

UOL Notícias - Em que é diferente a venda de indulgências da Idade Média das preces pagas?
Mcarlos - Information Age Prayer não é uma venda de indulgências. Nós estamos simplesmente oferecendo um serviço e os resultados finais dizem respeito a Deus e aos nossos assinantes. Enquanto a maioria das empresas doa só uma pequena parte dos lucros para a caridade, o Information Age Prayer doa 10% de toda a receita para a caridade. Estamos trabalhando para oferecer um serviço completamente gratuito em quem as pessoas poderão ter suas orações repetidas sem ter que pagar uma taxa.

UOL Notícias - O sr. reza, ou também usa o computador para rezar pelo senhor?
Mcarlos - Infelizmente eu não rezo muito e fui o primeiro assinante do Information Age Prayer.

domingo, 20 de setembro de 2009

Caridade: estrela da TV

Atualmente é quase certo. Muitos programas, notadamente aqueles de auditório, adotaram a caridade como prática recorrente.

Há quadros em que se reformam casas ou estabelecimentos comerciais de gente pobre; carros semi-destruídos são convertidos em admiráveis obras de engenharia; pessoas que estão distantes de suas famílias são reconduzidas aos seus locais de origem em emocionantes histórias; táxis "falsos" são transformados em ocasiões para que se conheçam necessidades de pessoas comuns, eventualmente supridas a seguir; "princesas" são convidadas a passar um dia completamente distantes de suas realidades, num conto de fadas moderno (tem gosto pra todo tipo de "príncipe encantado"...).

A primeira análise não costuma se equivocar: fazer o bem é sempre algo digno e deve ser incentivado, aplaudido. A premissa, a princípio, não é falsa.

Contudo, a reflexão proponho respeita à ordem das coisas: temos nessas experiências uma efetiva caridade que estava sendo realizada e que está sendo levada à televisão, ou temos simplesmente um fenômeno em que a caridade ficou "pop"? Se ficou "pop", isso ocorreu porque dá audiência e lucro à TV? E pergunta-se, ainda: essas pessoas estariam sendo auxiliadas se suas histórias não fossem garantias de boa audiência e lucros comerciais?

Creio que muitos dirão: sim, há lucros. Mas e daí? Não se fez o bem? Isso é o que importa!

Tal ponto de vista, contudo, não me convence. A razão é que a ordem altera - e muito - a essência das coisas. Os apresentadores que se arvoram em beneméritos realizadores constróem ganhos astronômicos sobre suas "ajudas". Com elas, bancam seus aviões particulares, seus carrões, suas mansões, seus relógios de ouro, seus exageros, prestígio...

Jesus fez importantes comentários em torno da caridade. Num deles, advertiu que uma mão não deveria saber o que a outra fez, numa clara alusão de que o bem real é coberto pelo manto da discrição e da realidade íntima. Ora, o magistério de Jesus é de substância, e não de forma; de conteúdo, e não de exterioridades.

E, afinal, qual será o efetivo ganho que essas ações pontuais promovem? Ao retirar-se uma família de uma casa que é verdadeiro escombro e alojá-la numa moderna e confortável residência, quais são as consequências? Não discuto o merecimento daqueles que são atingidos por esses aparentes benefícios, pois Deus não erra e não permite que erremos para além de um certo limite. Mas alcançam-se só bons resultados?

O que não consigo é deixar de refletir sobre como os sábados e domingos se transformaram em dias de histórias comoventes, quase iguais, que acionam a participação de milionários patrocinadores em torno da emoção de pessoas comuns e sofridas. Todos aqueles que, vidrados, sonham que um dia aquela ajuda seja dada a eles mesmos tem, assim, ao menos duas funções: ser audiência que torna o investimento compensador e compor o enorme exército de reserva de histórias tristes a serem exploradas...

Critica-se comumente - e não sem razão - a idéia de que os fins justificariam os meios. Agora a coisa ficou ainda melhor para os adeptos da idéia de Maquiavel: os verdadeiros fins não precisam ser vistos, pois foram encontrados ótimos meios para se passar por fins.

Não deve durar muito tempo. Quem sabe daqui a alguns anos ver a caridade fácil e estrondosa na TV sai de moda. Aqueles que hoje a praticam não devem se constranger ao abandonar a fórmula, trocando-a pela mais rentável da vez.

Jesus alertou que haveria falsos profetas e disse que eles realizariam prodígios. Mas tais prodígios, não hão de durar. Então... siga tais profetas quem quiser.

domingo, 23 de agosto de 2009

Direitos autorais dos espíritos

Tenho muitos livros espíritas. A maioria é de fonte mediúnica e possui como signatários uma dupla: o médium e o autor espiritual.

Em minhas mãos, agora, estou com o livro "Ação e Reação", uma dessas pérolas raras de André Luiz. Tem tudo, como os demais livros do Chico Xavier, pra ser um livro absolutamente diferente dos livros que a literatura mundial disponibiliza: trata dos temas de além-túmulo, narrando uma inimaginável vida no plano espiritual; consubstancia ensinamentos de elevado teor moral, que concitam os homens a agir pensando nas consequencias do que faz, mesmo quando consiga ocultar seus atos dos olhos dos homens; traduz um manual prático de compreensão da lei da reencarnação, traduzindo em prática a vida espiritual que o Consolador afirmou existir.

Mas há uma perspectiva que o torna um livro absolutamente comum, igual a todos os outros, e pelo que ele perde a oportunidade de mostrar ao mundo, também por essa ótica, o quanto é diferente: é que em suas primeiras páginas encontra-se aquela advertência tradicional de que trata-se de uma obra cujos direitos estão reservados ao seu editor, nos termos da lei. Lei dos homens, evocada para proteger os direitos patrimoniais, direitos à matéria, na mesmice em que se organizam as instituições humanas.

Tal obra não é disponibilizada pelos detentores de seus direitos nem mesmo pela Internet. Igualmente, não se vê o livrinho publicado em edições simples a preços módicos, em atitude compatível com a preocupação, que deveria ser precípua, de disseminar um conhecimento que se reputa tão revelador e consolador. Parece existir uma razão a sugerir que a exploração comercial e a renda gerada justificam tais práticas. É uma opção, que talvez não seja a mais coerente com a própria lógica da proposta, de esclarecer para a vida eterna.

Aliás, surge verdadeiro dilema na proteção dos direitos de exploração dessa obra: a lei em que se apóia tal proteção protege o autor, ou quem tenha deles recebido os direitos, e confere a seus sucessores a exploração exclusiva por um prazo de 75 anos, salvo engano, após a morte do autor. Como Chico Xavier morreu em 2002, até 2077 os detentores dos direitos poderão explorar os livros com exclusividade. Mas há uma inquietante pergunta a se fazer.

Não seria o Chico "mero" medianeiro de recepção desse material? Em verdade o conteúdo não seria de autoria de outras pessoas, já anteriormente falecidas? Pois bem. Parece-me que se há realmente a crença de que Emmanuel e André Luiz, por exemplo, são pessoas que viveram há muitas décadas e que se comunicaram com os encarnados por meio de médiuns, sendo os verdadeiros autores das obras, deveria ao menos haver certo constrangimento em apoiar-se na autoria de Chico Xavier para garantir a exploração exclusiva da obra, publicando-a e impedindo que outras editoras o façam, ou deixando de disponibilizar o conteúdo na Internet.

Ao contrário, se se optar por atribuir a autoria ao próprio Chico, fica renegado o caráter mediúnico da mensagem em troca do direito de explorar a renda das belíssimas histórias.

sábado, 20 de junho de 2009

O sal da terra

Eis uma belíssima música da dupla Beto Guedes/Ronaldo Bastos: O sal da terra.

(clique aqui com o botão direito e escolha abrir em nova janela para ouvir a música)

Fico tentando entender do que eles estão falando nessa canção. É incrível como a inspiração traduz entre nós conceitos belíssimos, no caso, graças à percepção refinada desses dois músicos. E pra sugerir uma interpretação que me parece bem ressaltante, segue, após cada verso da música, um versículo bíblico. Será que tem alguma coisa a ver? Será a Renegenração?

Anda! Quero te dizer nenhum segredo
"Quem tem ouvidos, ouça." (Mateus, 11, 15)

Falo desse chão, da nossa casa
"Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra." (Mateus, 5, 6)

Vem que tá na hora de arrumar...
"Ora, depois de muito tempo veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles." (Mateus, 25, 19)

Tempo! Quero viver mais duzentos anos
"Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." (João, 3, 3)

Quero não ferir meu semelhante
"Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, não lhe negues também a túnica." (Lucas, 6, 29)

Nem por isso quero me ferir
"E o segundo [mandamento], semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." (Mateus, 22, 39)

Vamos precisar de todo mundo
"E chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido." (Lucas, 15, 6)

Prá banir do mundo a opressão
"Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça." (Romanos, 1, 18)

Para construir a vida nova vamos precisar de muito amor
"E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram." (Mateus, 7, 14)

A felicidade mora ao lado
"Então olhei eu para todas as obras que as minhas mãos haviam feito, como também para o trabalho que eu aplicara em fazê-las; e eis que tudo era vaidade e desejo vão, e proveito nenhum havia debaixo do sol." (Eclesiastes, 2, 11)

E quem não é tolo pode ver.
"Insensatos e cegos! Pois qual é o maior; o ouro, ou o santuário que santifica o ouro?" (Mateus, 23, 17)

A paz na Terra, amor, O pé na terra
"Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz seja com esta casa." (Lucas, 10, 5)

A paz na Terra, amor o sal da...
"Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens." (Mateus, 5, 13)

Terra! És o mais bonito dos planetas, tão te maltratando por dinheiro, tu que és a nave nossa irmã
"Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. (Timóteo, 6, 10)

Canta!Leva tua vida em harmonia
"Pela meia-noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, enquanto os presos os escutavam." (Atos, 16, 25)

E nos alimenta com seus frutos, tu que és do homem, a maçã...
"Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir?" (Mateus, 6, 31)

Vamos precisar de todo mundo
"E chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido." (Lucas, 15, 6)

Um mais um é sempre mais que dois
"Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." (Mateus, 18, 20)

Prá melhor juntar as nossas forças é só repartir melhor o pão
"Ora, os que comeram os pães eram cinco mil homens." (Marcos, 6, 44)

Recriar o paraíso agora para merecer quem vem depois...
"E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já se foram o primeiro céu e a primeira terra, e o mar já não existe." (Apocalipse, 21, 1)

Deixa nascer, o amor...
Deixa fluir, o amor...
Deixa crescer, o amor...
Deixa viver, o amor...
O sal da terra

"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus." (Mateus, 5,16)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Gato fluídico

Retirado de uma entrevista concedida por Luciano dos Anjos a um site. Vale à pena rir também:

Quais as novidades? Há algum livro novo em perspectiva?
Sobre o movimento espírita (que prossegue com maiúsculas...), às vezes rio, às vezes choro. Por exemplo: num centro aqui do Rio, bem freqüentado e rotulado de kardecista, existe agora um gato fluídico, que permanece na coleira, junto à mesa, enquanto os oradores falam. O médium da casa explicou – e o presidente endossou – que o bichano tem a faculdade de absorver os fluidos negativos do ambiente. Já sugeri, considerando que estamos em temporada febril de hinos espíritas, a elaboração de mais um: Atirei o Pau no Gato. E também que sejam compradas mais duas coleiras, uma para o médium e outra para o presidente, a fim de que não andem soltos por aí.

Essa novidade faz rir. Mas para chorar conto que caminhamos destrambelhados para a total igrejificação. As consciências se deixam dominar com incrível facilidade e as cúpulas (que adoram mandar e dar ordens) fazem o que bem querem. Ninguém pergunta, ninguém contesta, ninguém reage. Os espíritas estão acoelhados e acham que vai tudo muito bem e que, embora seguindo os passos da igreja católica, esse é o caminho. Não percebem que tomaram um atalho cujo fim é o abismo.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dia Internacional do Trabalho

Comemora-se hoje o Dia Internacional do Trabalho, numa referência à reação dos trabalhadores, ainda no século XIX, frente a condições absolutamente indignas de trabalho a que eram expostos - pelos seus pares de humanidade - após as Revoluções Industriais.

A data é relevantíssima pra auxiliar nossa memória a não se esquecer que o escopo dos direitos trabalhistas conquistados é o de garantir um mínimo existencial de dignidade a essa imensa massa de pessoas que só tem a sua própria força de trabalho como bem a lhes permitir a própria sobrevivência. Nunca é demais relembrar-se isso, ainda mais porque em tempos de crise ficam agitados aqueles que vêem na diminuição dos direitos do trabalhador a única forma de saciar a sanha capitalista.

Pois bem. Para o dia, uma lição de Emmanuel (n.º 61), do "Livro Caminho, Verdade e Vida". Fala-se de uma esfera em que o trabalho pode ser pensado e que vai muito além das situações comuns encontradas na Terra. É um paradigma a estabelecermos, como meta individual, para chegarmos a posição mais digna no nosso papel na humanidade.

MINISTÉRIOS

“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” — (1ª EPÍSTOLA A PEDRO, capítulo 4, versículo 10.)

Toda criatura recebe do Supremo Senhor o dom de servir como um ministério essencialmente divino.

Se o homem levanta tantos problemas de solução difícil, em suas lutas sociais, é que não se capacitou, ainda, de tão elevado ensinamento.

O quadro da evolução terrestre apresenta divisão entre os que denominais “magnatas” e “proletários”, porqüanto, de modo geral, não se entendeu até agora no mundo a dignidade do trabalho honesto, por mais humilde que seja.

É imprescindível haja sempre profissionais de limpeza pública, desbravadores de terras insalubres, chefes de fábricas, trabalhadores de imprensa.

Os homens não compreenderam, ainda, que a oportunidade de cooperar nos trabalhos da Terra transforma-os em despenseiros da graça de Deus. Chegará, contudo, a época em que todos se sentirão ricos. A noção de “capitalista” e “operário” estará renovada. Entender-se-ão ambos como eficiente ser­vidores do Altíssimo.

O jardineiro sentirá que o seu ministério é irmão da tarefa confiada ao gerente da usina.

Cada qual ministrará os bens recebidos do Pai, na sua própria esfera de ação, sem a idéia egoística de ganhar para enriquecer na Terra, mas de servir com proveito para enriquecer em Deus.

terça-feira, 10 de março de 2009

Excomunhão

O caso foi bárbaro: uma criança de 9 anos foi estuprada pelo padastro (e o era desde os 6) e apareceu grávida de gêmeos.

Os médicos apontaram que a formação física da menina fazia da gestação uma trilha de alto risco para a vida da criança e de seus fetos. Consentiu a família e um médico realizou o aborto, autorizado pela lei brasileira em razão do estupro.

Em sguida, "autoridades" Católicas excomungaram (a excomunhão é uma grave pena dentro da liturgia católica) os envolvidos por causa da realização de prática em desacordo com os preceitos da Igreja, que recrimina a prática. Ministros, o Presidente da República, a imprensa e outras expressões do meio social se revoltaram pela atitude considerada injusta da Igreja, em razão da barbárie que baseou o caso, legitimadora, aos olhos da maioria (e aos meus também), da atitude do aborto.

Mas, convenhamos: o Estado não é laico? Por que tanta preocupação para com uma liturgia da qual só é adepto quem assim o desejar? Para quem tais valores devem possuir relevância, senão aqueles que esposaram tais crenças?

Reservem-se as preocupações com as consequências das convicções religiosas e suas liturgias para quem a elas livremente resolveu aderir. Continuem as autoridades públicas repercutindo as decisões da Igreja a tal ponto e a Igreja seguirá influenciando de modo profundo até mesmo as ações de quem dela não participa.

Os mais atentos aos aspectos sociológicos dirão, com boa razão, que não se pode afastar a influência da Igreja, ainda mais em meios sociais carentes, nos quais ela cumpre importante função, chegando as penas religiosas a serem até mais impactantes que outros fatos sociais estatais. O argumento procede, mas não parece forte o bastante pra justificar tamanha repercussão de uma prática religiosa. Ao contrário, garante a Constituição Federal a liberdade de culto aos brasileiros - com direito a todas as convicções que respeitem ao futuro das pessoas num céu ou num inferno.

Então o Estado, quando quer reprovar a decisão da Igreja, é que está tentando se impor a ela, oprimindo a liberdade que ela deve ter de, concorde ou não a sociedade, atribuir o céu a certas práticas e o inferno a outras. Vamos querer agora submeter o que as autoridades canônicas devem acreditar como salvação ou morte eterna segundo nossas convições?

As leis do Estado, essas sim, são de observância obrigatória, e não houve infração a nenhum preceito legal brasileiro que ensejasse a reação das autoridades brasileiras. Por isso, penso que essas autoridades perderam boa oportunidade de deixar a atitude da Igreja, mais tarde "referendada" pelo Vaticano, ao plano de importância que ela merece: o círculo de repercussões das liturgias de uma religião e de seus adeptos.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Os trotes do século XXI

Trotes.

Os noticiários tem dado ampla cobertura aos excessos cometidos nos trotes aplicados por veteranos em seus calouros aprovados no vestibular.

A prática é antiga e os abusos também não são nenhuma novidade. O que parece novo são a disseminação e a diversificação da prática, cada vez mais numerosa e sem graça, incluindo traços de "delicadeza" como forçar o calouro a nadar numa mistura de estrume e lama. Claro, afinal deve ser muito útil a experiência de nadar em estrume e lama, e deve haver larga relação com a atividade universitária...

Mas é que o acesso ao Ensino Superior tem crescido fortemente. E isso tem se convertido em banalização do Ensino Superior, ingressando cada vez mais pessoas sem real noção do significado de cursar uma faculdade. E como o nivelamento vai sendo feito por baixo, atividades marginais - e mais adequadas à mediocridade reinante - ganham importância, como é o caso dos trotes.

Não sabem muitos desses novos universitários que se na geração de seus pais a aprovação no vestibular beirava um feito notável, hoje em dia em raros casos significa algo relevante. É que a sociedade brasileira ainda não se adaptou ao fato de que ingressar numa faculdade atualmente é muitas vezes como entrar numa loja e comprar um produto - é a banalização do acesso. E, sim, vende-se um produto (muitas vezes ruim) mais do que se presta um serviço público de educação, na maioria dessas instituições.

Desconhecem os alunos - sujeitos passivos de um processo cruel de exploração e engano - que a bancada da educação, uma das maiores da Câmara Federal, não é um grupo de Deputados interessados no ensino de qualidade, mas tratam-se, sim, de Deputados financiados pelos grandes empresários do ensino e que lá estão para garantir os benefícios econômicos de seus coronéis.

O resultado? Uma lástima. Comemoram de um jeito estúpido um fato que talvez comportaria melhor uma celebração fúnebre. É o ingresso em uma instituição interessada na grana do aluno, e não na educação dele. Estão sendo enganados. E isso não é lá coisa pra se comemorar. Eis o papel da ignorância no sistema.

Mas, ignorantes, portanto, de todo esse processo que os conduz em cursos que possivelmente em nada acrescerão suas possibilidades no mercado de trabalho, encontram perfeita sintonia entre essa fase pós-adolescente de auto-afirmação da identidade e a possibilidade de ser um cruel e respeitável "veterano", que "sabe das coisas", e que tem o direito de impor esse rito de passagem (do nada pro lugar nenhum) aos seus calouros.

Tudo bem. Exagero com a coisa da passagem do nada pro lugar nenhum. E só vejo algum benefício nessa coisa do trote por reconhecer a exatidão do alerta de Joseph Campbel em "O Poder do Mito", mostrando-nos que a falta de rituais que ajudem os jovens a se tornarem adultos (e terem tal percepção) é parte do que tem levado a juventude ao desbaratino de identidade.

Então, os "pobres" jovens, meio muito perdidos, parece que buscam instintivamente a construção daqueles ritos que signifiquem a passagem pra uma vida adulta, ritos bastante fora de moda nas nossas sociedades.

Acho difícil eles encontrarem isso no prazer de ver o semelhante se esfregar no estrume. Mas, vai saber, com tão poucas bússolas disponíveis, cada doido que crie a sua...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Crise, essa gordinha engraçadinha!

Crise financeira. Funciona mais ou menos assim:

- O capitalismo é um sistema que se assemelha a um sujeito muito gordinho, mas que pra se saciar precisa comer mais, mais, mais e mais ainda. Assim - e só assim - ele fica felizinho. Mas se um dia ele comer o mesmo ou menos do que no dia anterior, pronto: entra em crise, começa a chorar, se debater, dá um pitizinho.

- Logo, logo ele tem que arranjar um jeito de comer mais.

- Baseadas numa ficção total, as empresas tem a impossível missão de lucrar sempre mais do que antes. O crescimento é medido sobre o já crescido anteriormente, e a tarefa é muito mais enganar e simular a capacidade de crescer do que efetivamente crescer. Isso dá dinheiro, o objetivo unívoco da sociedade contemporânea.

- Daí os executivos ultra-remunerados fazem malabarismos impossíveis e ficciosos, as empresas adquirem participações umas das outras, simulam resultados, corrompem auditorias e tudo vai se baseando num sistema dependente do crédito, ou seja, de uma perspectiva futura que é pelo menos superestimada (pra dizer o mínimo).

- Ou seja, é a expectativa do que poderá existir de riqueza no futuro que vai lastreando a falsidade na qual se baseia o crescimento da economia. Mesmo que seja uma expectativa falsa!

- Mas chega uma hora que a coisa dá muito na cara... a ponta da corda, que é a produção efetiva de riquezas, arrebenta (excesso de produção), os sacos de dólares dos operadores do sistema já estão devidamente empaturrados e vem à tona a mentira que simulou um crescimento que, na verdade, é um crescimento futuro e que foi antecipado na marra, pra atender aquela ânsia do capitalismo de comer cada dia mais que ontem - esse fominha desvairado!

- Aí todos se afundam. As pessoas sorriem menos (dizem as pesquisas). A preocupação global se instala e os jornais clamam por novos paradigmas.

- A Sony, por exemplo, está muito mal. Lucrou apenas 100 milhões de dólares em 2008, contra 2 bilhões em 2007. Coitada. Como é triste ter menos do que ontem. Isso é motivo bastante para o sofrimento.

- E os bobos que se endividam para repartir seu dinheiro entre os contratadores do endividamento, os vendedores das desnecessidades e os especuladores do meio do caminho é que perdem seu emprego e expressam a crítica situação com suas estatísticas... O sistema bancário americano teve no ano passado o primeiro trimestre de perdas desde 1990. Isso: eles ganharam dinheiro, muito dinheiro, durante esse tempo todo, e quando a coisa foge um pouquinho da conveniência deles, é crise, corte de empregos, falência com prejuízo aos minoritários.

- Vai entender essa crise. Essa engraçadinha, chamada crise. Essa gordinha inveterada, chamada crise. Essa bolinha que só sabe ameaçar a explosão, mas que na hora "H" dá seu jeitinho e segue seus ciclos de muito comer... Quando será o próximo?

- (Só acho que quando for o último, o do colapso, ela não vai dar essa bandeira toda...)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Recado do Céu para um Delegado da Polícia Federal?

Gosto de visitar um site que é o blog do Protógenes (http://blogdoprotogenes.com.br/). Em 27/11/2008 ele postou sobre um evento contra a corrupção no Brasil que ocorreu na OAB de Niterói. Pra quem não sabe, Protógenes é aquele Delegado da operação Satiagraha que pos a mão no Daniel Dantas e acabou afastado.

Com isso ele tem percorrido o Brasil numa série de eventos e virou uma espécie de ícone da moralidade, recebendo sempre o apoio de diversas pessoas e entidades, como aconteceu no evento da OAB deNiterói.

O caso é que lá estava presente o Desembargador do TJ-RJ Nagib Slaibi Filho, que fez no seu discurso uma quase oração em forma de poesia. Segundo o relato do blog, levou o Protógenes às lágrimas.

Mas é interessante que essa poesia parece ter sido psicografada por um tal Pérsede, e a identidade do espírito é "um amigo", conforme se pode ver no site do tal Desembargador (http://www.nagib.net/Recadosdoceu/index.htm).

Então, pela beleza do poema, e pelo inusitado de o jurista ler o poema psicografado como incentivo ao delegado - diga-se de passagem, muito apropriado ao caso - segue o poema na íntegra:

CONFIA!

NÃO VÁ SE DISTRAIR!
É APENAS O COMEÇO
DE GRANDE TRAJETÓRIA
QUE DEUS TE CONFIOU.
AÍ ESTÁ A SEARA:
APENAS ARASTE,
NEM A PLANTASTE AINDA,
AINDA NÃO A REGASTE.
E AS SEMENTES ?
SÓ ELE AS DARÁ
EM TEMPO QUE NÃO SABES.
E O QUE IRÁS FAZER
ESTÁ NAS SUAS MÃOS.
NÃO SE DISTRAIA!
NÃO DESISTA!
AINDA QUE DE TODO
NÃO ESTEJAS SATISFEITA,
SAIBA QUE ESTE É O COMEÇO
E QUE DE AGORA EM DIANTE,
COMO TU CONFIASTE,
DEUS FARÁ TUDO A SEU TEMPO,
SEGUE, CONFIA E A VITÓRIA VIRÁ

( RECADOS DO CÉU - Poesias - Recebidas por PÉRSIDE )

domingo, 11 de janeiro de 2009

Luzes da luz

Uma vontade antiga é a de refletir um pouco sobre as letras das músicas de Tim e Vanessa, pra mim a principal fonte de música, a que mais me alimenta.

Então seguem aí umas reflexões, verso a verso, de Luzes da Luz. E Tim e Gladston que me perdoem...

(Pra quem quiser ver ou baixar a música e sua letra é só clicar no link a seguir e procurá-la em meio à discografia de Tim e Vanessa: http://www.timevanessa.com.br/site/discografia.htm)

Luzes da Luz

1.Um frêmito da Grande Luz – e luzes jorraram em profusão.
Numa simples agitação da Divindade, na eclosão criadora do Todo que compõe e governa o respiro Universal, jorram, do Deus Poderoso de amor, justiça e bondade, as luzes perfectíveis e tenras que se lançam à tarefa do existir e crescer, por e para misericórdia do Pai, aperfeiçoando a si mesmas.

2.Houve tempo na eternidade; espaço na imensidão.
No propósito de alimentar as recém-natas luzes, permite o Criador o estabelecimento de formas e sensações perecíveis e palpáveis que auxiliem na compreensão da divindade e na percepção de si mesmas, surgindo o espaço-tempo como o marco possível e viabilizador das primeiras aquisições evolutivas.

3.Sustentar a vibração Divina tornou-se o nosso afã.
As luzes, na consciência de que estão no caminho de crescimento e burilamento do espírito, compreendem que uma única e maravilhosa trilha deve ser perseguida, como meta inexorável e duradoura da existência: o caminho da subida pautada nos atributos universais de Deus, que permite assumir a sublime função de cooperadores da Escola Universal.

4.Surgiu a bipolaridade, agora há homem e há mulher.
Como princípio educativo que ensina por meio de diferença, comparação e divisão das responsabilidades, oferta-nos Deus mecanismo sublime para o alcance das metas evolutivas: o das polarizações universais, marcado, sobremaneira, pela capacidade de complementação homem-mulher.

5.Presença, ausência; luz, não-luz; calor, frio; ato, inação.
E no prosseguimento dos matizes conscienciais que permitem aos espíritos a percepção de si mesmos e do Universo que ao mesmo tempo os cerca e permeia, surgem outras sensações que auxiliam no primário desenvolvimento das verdadeiras faculdades espirituais.

6.Dorme mineral, desperta vegetal, segue instintos o animal.
Na madura perfeição do Concerto Universal, coloca a Divindade, nas diferentes formas de estabelecimento do princípio inteligente, o gradiente de adaptação e crescimento da consciência que desperta e se aprimora.

7.O homem se ergue na figura de Adão. Ama, e a aprende a ser o rei da Criação.
Para as luzes cujas histórias se fazem ligadas a certa etapa do governo do Cristo Jesus na Terra, Adão representa, emblematicamente, o início da faina daqueles que já se estabelecem na forma superior às demais criaturas do orbe, como homens, porque já dispõem da possibilidade de exercer o amor, ainda que em imperfeitas formas.

8.Queremos voltar a Ti, oh, Pai! As luzes querem: anseiam a "Mãe-Luz".
E é a divina faculdade do amor que faz com que as luzes possam compreender e almejar a enorme e maravilhosa realidade universal de voltar à Grande Fonte, ao Pai amado, eterno e perfeito; porque as luzes já sabem e querem: pretendem crescer, tornando-se "Mães-Luzes".

9.Luzes perdidas asserenai! Eis o roteiro: segue Jesus.
Assim, para as luzes que ainda lutam contra o princípio do amor, contra a própria centelha Divina que palpita nelas mesmas, a recomendação é imperativa, não obstante serena: necessário é tranqüilizarem-se e perceberem que ódio e oposição a Deus não passam de formas mais lentas e duras de amá-lo plenamente e a se compreender parte dEle mesmo, sintetizando-se a forma mais simples de alcançá-lo numa só instrução: seguir Jesus.

10.Ah, luz da Luz! Ah, Luz das luzes! Luzes da Luz: Segue Jesus!
Alcancemos todos, portanto, a iluminação com Deus! Nós, luzes criadas pela misericórdia d’Aquela Grande Luz, queremos amá-la e a ela voltar, com a prosperidade de nossos espíritos! Ela, com a bondade, a justiça e o amor que a caracterizam, deseja nos receber aperfeiçoados de volta em seu seio, glorificando a perfeição do Pai de amor.

Por isso e para isso, filhos de Deus, – ou luzes da Luz – sigamos Jesus. Eis o roteiro.