domingo, 25 de abril de 2010

Jesus, Sócrates e "Neo"

Jesus, Sócrates e "Neo" - ele mesmo, o personagem vivido por Keanu Reeves em Matrix - possuem um traço muito interessante em comum.

Eles dominaram a vida, demonstrando não temer a morte. Em suas diversas missões - reais ou fictícias - eles foram desafiados pelas circunstâncias a insistir em seus pontos de vista frente a grandes obstáculos. E, normalmente, uma idéia muito ousada e diferente, que coloca em cheque as bases sobre as quais se organizam as sociedades, não é bem recebida.

Assim, quando essas sociedades passam a se incomodar, elas tendem a tentar intimidar os portadores dessas novas idéias. E essa intimidação muitas vezes culmina no uso da violência.

Foi dessa forma que a vida de Jesus foi ameaçada. Contudo, ciente de que as idéias renovadoras de que era portador eram inarredáveis e que a lógica da própria existência excedia os limites da vida física, ele não titubeou quando foi colocado à frente daqueles que poderiam tirar sua vida. Pelo contrário, os enfrentou com a mesma lucidez serena e firme de sempre.

"Neo" é um personagem da ficção. E sua história mostra, ao contrário de Jesus, o indivíduo que compreendeu ao longo daquela experiência o que se passava, como era o mundo de verdade, como dominá-lo. Jesus tinha, digamos assim, um domínio pleno e prévio dessas situações. Já o nosso "Neo" teve que se educar na percepção de que poderia, por exemplo, desviar das balas dos revólveres, porque aquilo não era de verdade. Mas quem acreditava que era verdadeiro, morria por elas, porque a mente fazia o corpo reagir dessa maneira.

E o processo de desenvolver a crença pelo qual o "Neo" passa é muito interessante, de modo que podemos até traçar um paralelo sobre a nossa capacidade de aceitar que a vida na Terra é parcial e transitória, tanto quanto o Neo foi tendo que aceitar que o único mundo que ele conhecia não correspondia ao mundo real.

O que eu quero frisar nesse post é que esses três entes, da mesma forma como muitos outros que já estiveram aqui na Terra ou nos planos da ficção, foram confrontados por situações em que apenas dominando a vida puderam deixar suas convicções como legado para a humanidade.

E como se domina a vida? Sabendo e acreditando que a morte não existe. Isso muda o peso das coisas. E não quero com isso sugerir que devemos nos lançar suicídas por aí, pelo contrário. O friso é no sentido de que se enxergamos a nossa vida como um capítulo de um enorme livro que estamos construindo há tempos, a percepção sobre o que foi bom ou foi ruim no curso das experiências comuns pode se modificar.

Enquanto isso, temos aí exemplos e mais exemplos de pessoas que se arriscaram, chegando até mesmo a efetivamente perder suas vidas por isso, pra nos lembrar que existe muito mais além.

Pra não perder a oportunidade do mês de abril, menciono o exemplo de Tiradentes. E pra não esquecer da ficção, a história do "V", do filme V de Vingança.

5 comentários:

Tonho disse...

"Conhece-te a ti mesmo e a verdade conhecerás"
Sei que talvez não seja exatamente por esta via do post a intenção do autor ao poetizar este trecho. Porém a mim diz muito sobre "morte" e continuidade da existência. Acredito que somente intencionados de autoconhecimento é que somos capazes de compreender o quão valiosa é uma existência pautada na sabedoria do morrer para viver, desta forma transcendendo a nós mesmo, desenvolvendo nossa capacidade valiosa de ter fé e assim transportar montanhas como faz Jesus ou imunizarmos as balas como fez Neo.

Roney disse...

É amigo, esta é uma reflexão muito boa. Acredito que seja uma das maiores dificuldades, para nós espíritas ou não,entender e lembrar que a morte não existe.

Se lembrássemos o dia inteiro, que tudo é passageiro, seriamos mais calmos e carinhosos, menos materialistas e nervosos...

Mas o trabalho, estudos, a "correria" do dia-a-dia é alienante. Quantos espíritas, inclusive eu, admitem que as vezes esquecem de orar, por causa do tempo corrido dos compromissos durante o dia! Como lembrar que somos um espírito de passagem pela terra, para aprender?

Bem... acredito que muitas coisas na vida são prática. Acho que devemos treinar, praticar esta reflexão a todo momento, a morte não existe, sou um ser eterno em passagem na terra para aprender, e farei o melhor que posso.

É Denis, dois filmes excelentes, dos mesmos diretores! Matrix e V de vingança!

Forte abraço para todos!

Sader Chambela disse...

Grande Denis!

Rapaz... relembrando as personagens citadas me veio a reflexão da nossa postura frente a vida.

O fictício Neo, Sócrates e o Mestre Maior Jesus são exemplos de seres que se mostraram como são. Nem maiores, nem menores... em qualquer situação, viveram fiéis aos ideais que abraçaram. E as vezes, ainda conservamos posturas diferentes de acordo com os ambientes em que estamos... na Casa Espírita somos um, no ofício, no lar, na rua... somos outro.

rsrsrs... Acho que no estágio que nos encontramos, enquanto tentamos desvencilhar do mundo, ainda criamos nossa MATRIX particular!

Abraço a todos com carinho!
Sader

Roney disse...

Relmente amigo Sader, ainda temos nossa matrix para sair, conseguimos ver o código (não da da matrix, da codificação...rs...) mas não entedemos, ou esquecemos de praticar sempre!

São as "personalidades", as "máscaras" que todos criam para lidar com certas situações.

Mas vamos conseguir, afinal, TODOS são os "escolhidos" rs...

forte abraço!

Rone

Anônimo disse...

sinto que vou falar sobre a mesma essência do post...

só que com uma outra linguagem que simbolicamente aquece mais meu coração...

todos dominaram a vida porque reconheceram na morte algo real,existente... mas que, nem pos isso, faz-se menos transitório perante a vontade de que algo alheio ao desejo individual se cumpra em âmbito coletivo...

todos as personagens citadas compreendem que a morte, apesar de real, é infisimal mediante o ideário que carregam...

de formas diferentes nos unimos em sermos seres pra morte... ou física, ou psicológica, ou até mesmo espiritual...

o que fazemos tomados dessa consciêcia é o que torna nossas vidas luzes ou abismos...

penso que positivo se torna pro ser quando ele enxerga na morte um limite sim, mas daí ressignifica suas atitudes no agora ciente desse momento futuro inevitável...

mesmo a morte não simbolizando o fim total, ela marca um fim parcial e superar esse fim relativo é, de alguma forma, se "desindividualizar", consciente de que a morte é individual, mas a vida é em relação...

o foco dos noss "heróis" citados portanto, trespassam o do indíviduo para o do grupo, a morte para a vida, já que é o "sacríficio" de algo pessoal - por exemplo a vida fisica nos casos citados, é que conecta o ser e o mundo...

no fim é a morte que move a roda e gera um recomeço... por isso de sua inevitabilidade independente da aquiescência do livre arbítrio...

dicotomicamente podemos classificar: inconscientes queremos que tudo permaneça como está... conscientes a morte vira o trampolim pra vida, não egóicamente do meu "eu", mas de tudo aquilo que movimento e relaciono...

assim a morte do cordeiro de Deus transforma o mundo, bem como a morte de neo garante equilíbrio na relação entre zion e as máquinas...

morte é o entendimento chave pra nós espíritos...

abraços

Vini